sábado, 10 de outubro de 2015

Aterro do Flamengo, cinquentenário!

O destino da imensa área entre o Aeroporto Santos Dumont e a Avenida Rui Barbosa começou a ser traçado em 1952. 

Com o desmonte do Morro de Santo Antônio - derrubado para dar lugar à Avenida Chile, na região que hoje abriga os prédios da Petrobras e do BNDES - toneladas de entulho ficaram sem destinação. 

Surgiu então a ideia de usar esse material para aterrar a área entre o Museu de Arte Moderna e as proximidades da Praça Paris, onde aconteceria, em 1955, o Congresso Eucarístico Internacional. A transferência do entulho prosseguiria até 1958, com o aterramento chegando próximo ao Catete.


Praia do Flamengo, sem aterro


O descampado chamou a atenção de Lotta Macedo Soares, que convenceu o então governador Carlos Lacerda a abandonar a ideia de fazer uma via expressa à beira-mar, com quatro pistas e uma mureta, e construir ali uma versão carioca do Central Park. 

Foram dois anos para criar o conceito do parque e outros três na infraestrutura, que incluiu a construção de um emissário submarino e o aterramento com entulho da obra do Túnel Rebouças e areia do fundo da Baía de Guanabara (dragada com uma máquina semelhante à usada na abertura do Canal do Panamá).



Praça do Indio e ainda com os montes de terra, 1961

No fim das contas, o Rio ganhou uma área de lazer de 1,2 milhão de metros quadrados com quadras polivalentes, campos de futebol, playground, anfiteatro, pistas de skate e de aeromodelismo, restaurante e marina. Sem falar nas 11.600 árvores, de 190 espécies diferentes. 



Aterro do Flamengo recém inaugurado

Assinando isso tudo, uma espécie de who is who da arquitetura, urbanismo e paisagismo verde e amarelos: Afonso Reidy, Ethel Bauzer Medeiros, Jorge Moreira, Carlos Werneck de Carvalho, Sérgio Bernardes, Luiz Emygdio de Mello Filho e Hélio Mamede formaram o time inicial do Grupo de Trabalho para a Urbanização do Aterrado Glória-Flamengo. O ajardinamento foi encomendado a ninguém menos que Roberto Burle Marx.

Curiosamente, cerca de 40% do projeto tombado não estão prontos até hoje. 

A área do parque, que hoje se estende até o início da Praia de Botafogo, teria, por exemplo, duas bibliotecas, que nunca foram construídas. E a atual Marina da Glória seria apenas um atracadouro.

 A inauguração só aconteceria em 12 de outubro de 1965. 

Oficialmente, trata-se de dois parques: 
.  parque Brigadeiro Eduardo Gomes (do Aeroporto Santos Dumont até o Monumento aos Pracinhas) 

e o 

. parque Carlos Lacerda (do Monumento aos Pracinhas ao Túnel do Pasmado).

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