quarta-feira, 30 de abril de 2014

Lacerda e a cidade do Rio ...2

 

Quando Lacerda assumiu o governo, a Guanabara, não tinha água e ele fez o sistema Guandú, planejado até o ano 2000.  
Investiu no saneamento básico,  no esgoto sanitário, que todos sabemos que esse tipo de obra não dá voto, porque não aparece. A própria amiga de Lacerda, Lota Macedo Soares, responsável pelas obras do Parque do Flamengo fazia questão de recordar-lhe que quando as pessoas fossem apertar o botão da descarga não iriam lembrar dele.

E NÃO LEMBRARAM MESMO!
Hoje, nenhuma linha na midia sobre seu centenário. De quem fez o que de qualidade ainda temos na cidade, porque o resto foi tudo maquiagem e placas.
Aqui vale um parênteses sobre a falta de memória histórica. E o pior, a história escrita de acordo com conveniências de convicções. Hoje só é lembrado - e o pior, até exaltado  - quem compartilhou ou compartilha das tendências de pensamentos reinantes. O que divergiu ou divergente não presta, nunca prestou, é descartado.
Essa história atualmente contada e escrita é simplista, pobre, burra. Apagar a memória da cidade é simplesmente ignorância.

Para compreender o alcance da empreitada, é preciso recordar que o esgoto chegou na capital do império em 1857, em cem anos foi construída uma rede de 1.000 km, em apenas cinco anos expandiu a rede em 60% e subúrbio foi a região que recebeu a quase a totalidade desse benefício.

Gostava de prestar contas e deixar tudo às claras, ao contrário dos dias atuais.
O folheto abaixo é uma curiosidade daqueles tempos e um exemplo disso.

 

domingo, 27 de abril de 2014

Lacerda e a cidade do Rio


jornal O GLOBO - 6 de dezembro de 1960



Como primeiro governador do recém-criado Estado da Guanabara (1960-1965), Carlos Lacerda , que no próximo dia 30 de abril  faria 100 anos - foi eleito sem nenhuma experiência , num tempo em que a antiga capital necessitava de tanto, a insatisfação era crescente e com o bom humor carioca se repetia "Rio, cidade que me seduz, de dia falta água e de noite falta luz".


O Corvo foi seu apelido pelo nariz aquilino, os olhos vivos e a voz potente. Mas a melhor de suas características foi sua grande capacidade administrativa, que produziu grandes destaques, na cidade, como a ampliação do sistema escolar, o abastecimento de água e a ordenação do espaço urbano do Estado.

 Lacerda tinha  um estilo peculiar dedicado.Saía para fiscalizar o andamento de uma obra ou o atendimento à população num hospital, de repente. E não hesitava em demitir no ato o responsável se as coisas não andassem a seu contento. Bem ao contrário dos demais governantes, ainda hoje, que até desconhecem ruas, locais e acontecimentos.

Fez obras que deram ao Rio sua cara atual e, acima de tudo,de maneira racional e moderna. Defendia a ordem nas contas do governo  - e cumpriu essa exigência à risca na Guanabara - e a profissionalização do funcionalismo.
Montou um secretariado em que exigia a melhor qualificação profissional para o cargo, independentemente de partido. Acompanhava de perto cada área de seu governo, mantinha reuniões semanais com todos os secretários, mas foi pioneiro na descentralização.

Grande orador, jornalista de inteligência e cultura muito acima da média.Com recursos semelhantes aos de seus antecessores, Lacerda tirou do papel a maior parte dos projetos engavetados ao longo dos anos 50 e ainda traçou a cidade do futuro.

 Obteve o dinheiro para as obras da correção da tarifa, congelada desde 1947 e do prosseguimento da correção de impostos que começou na década anterior; a educação mereceu atenção especial com a construção de escolas e contratação de professores em ritmo acelerado. O resultado foi o fim do déficit de vagas no ensino primário, algo inédito nos anos 60. 

O carioca ainda hoje, ao andar pela cidade, tropeça nas realizações efetuadas naquele período.
Pegue uma via expressa como a Radial Oeste, um túnel como o Rebouças, abra uma torneira para lavar o rosto, vá assistir um concerto na sala Cecília Meireles ou dar uma corrida no Parque do Flamengo.

A abertura de túneis e construção de viadutos, parques e jardins, abertura e ampliação de ruas e avenidas foram marca registrada de seu Governo, seguindo a linha de Pereira Passos, Paulo de Frontin e Henrique Dodsworth e dando novo traçado urbanístico à cidade-estado.

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Lota Macedo Soares e Lacerda nas obras do parque do Flamengo
Pão de Açúcar ao fundo.


As obras do Túnel Rebouças





quarta-feira, 23 de abril de 2014

Tunel Santa Bárbara, 50 anos

A abertura de um túnel conectando os bairros de Laranjeiras (Zona Sul da cidade) e Catumbi (localizado entre a periferia da Área Central e a Zona Norte) foi assentada no Plano Agache, do urbanista francês Alfred Agache, em 1928. Mas só foi concluído no Governo Carlos Lacerda e inaugurado no dia 22 de abril de 1964.


Jornal O Globo, 23 de abril de 1964, primeira página

O Catumbi foi uma área nobre da cidade, bairro em que se instalaram as colônias portuguesa, espanhola e italiana em casario imponente. Por lá aconteciam significativas manifestações religiosas, notadamente em suas ruas sob a forma de procissões. Com o tempo, com a migração para outras regiões, começou a sofrer com a decadência e os casarões aristocratas começara a se transformar em cortiços, casas de cômodos.Por lá, também,nos anos 50 surgiram afamados blocos carnavalescos, como Bafo da Onça, que fizeram história no carnaval carioca. Com o advento do túnel o bairro se desvalorizou ainda mais, ao contrário da outra ponta do túnel, Laranjeiras.

O Tunel Santa Bárbara foi considerado , à época, como o mais moderno da América Latina sendo, por excelência, um marco na evolução técnica e histórica dos túneis na cidade. A partir dele novas metodologias de perfuração e manutenção de túneis passaram a ser aplicadas.
 
Foi o primeiro a demandar a criação de equipes de operação, monitoramento e cuidados especiais na sua administração; o que foi estendido, anos depois, a outros túneis de igual complexidade.
Em vista das inovações apresentadas destacava-se o fato de ser o primeiro a contar com sistema de ventilação e exaustão, aparelhagem de radar, contagem de veículos, sinalização luminosa, recebimento independente de eletricidade, geradores de emergência, bem como circuito fechado de televisão para monitoramento de enguiços e acidentes, dentre outras facilidades.

TRÊS CURIOSIDADES:
  • Dentro do túnel existiu uma capela, a Capela de Santa Bárbara, construída junto com o túnel em homenagem a operários mortos durante a obra. Nela um painel monumental de azulejos de Djanira , que desde 1995, recuperado, pode ser visto com mais conforto e com todos os seus detalhes no Museu Nacional de Belas Artes.
  • O primeiro problema no tráfego no interior do túnel ocorreu com um táxi vindo do Catumbi.Ele enguiçou no meio da pista. Imediatamente o radar registrou, transmitindo o sinal para o sistema de sinalização e logo começou a acender uma lâmpada amarela, pisca-pisca e com uma seta, indicando aos mortoristas o desvio de pista e, em minutos um reboque entrou no túnel e retirou o veículo. O motorista e o passageiro foram avisados como proceder pelos alto-falantes.
  •  Na primeira hora de abertura do túnel o radar registrou 2107 veículos, sendo 1743 no sentido Zona Sul/Zona Norte.

EM TEMPO:
Carlos Lacerda, ex-governador do antigo Estado da Guanabara,
completaria 100 anos no próximo dia 30 de abril.
Por isso, o RIO QUE MORA NO MAR vai nos próximos posts ,
em homenagem ao maior e melhor governante que o Rio de Janeiro
já teve, falar um pouco da relação Lacerda e a cidade.

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Sexta-feira Santa era dia de...zorô


Na casa de minha avó  a Semana Santa era também sinônimo de pratos que iam à mesa só nesses tempos.
O rebuliço começava bem antes  na busca e compra dos ingredientes.
Mais que almoço de Páscoa, havia o almoço da Sexta-Feira da Paixão. E Sexta-feira Santa era dia de...zorô.

Zorô era um prato típico do interior do Rio - onde a tradição portuguesa se somou à tradição africana.

Uma iguaria!



     

Hoje poucos conhecem . Feita com camarões secos, quiabos, azeite e certos temperos, azeite de dendê e o protagonista, o mulato velho. (O mulato velho é  o peixe bagre salgado e defumado e  confundido com o bacalhau. A diferença dele para o bacalhau é que ele é muito mais aguado e daí mais macio, e com poucas espinhas)

Como acompanhamento, o zorô tinha um creme de arroz e uma farofa de dendê, mais, molho de pimenta pra os que apreciavam e claro o arroz branco, que muitos dispensavam. E a sobremesa também era especial: paçoca de amendoim com banana picada ou goiabada. Feita pelo meu avô, que fazia questão de moer o amendoim manualmente.

Eu, aqui confesso: desde criança, sempre detestei aquele cheiro forte do azeite de dendê e  -  acreditem! -  nunca provei o tal do zorô, repetido e amado por todos os convidados e os que se convidavam pro almoço daquela sexta-feira, e dele falavam ao longo do ano.

Apesar de não saber o sabor do zorô, ficou na memória o sabor da lembrança daqueles almoços, dos tilintar dos talheres, das belas toalhas brancas, dos guardanapos dobrados em leque, dentro das taças, da satisfação do meu avô da reunião e presença de todos em torno da mesa comprida.

Mas eu não ficava órfã no almoço, não. Um filé de peixe com molho de camarões vinha especialmente pra mim. E ficava aguardando, ansiosamente... a paçoca! A paçoca que meu avô fazia batendo manualmente. 

Depois de um tempo, quem passou a fazer o zorô foi minha mãe. Meu pai não dispensava o dito, que adorava. E como! E todo ano ía ela ao largo de São Francisco comprar o mulato velho. Só vendia por lá. E precisava comprar com antecedência, já que era preciso deixar o bagre de molho, trocando a água algumas vezes.

E aí ao invés de irmos à casa da vovó, ela e o vovô vinham à nossa casa. O ritual era o mesmo, a mesma mesa bonita, meu avô à cabeceira.

O zorô voltou à memória, hoje, de novo, porque passei na Casa Pedro.  E aí fui pesquisar na internet e fiquei pasma pela total falta de informação do que seja zorô. Uma tradição que se perdeu.

Achei, curiosamente, uma música gravada por Francisco Alves, em 1929, chamada Zorô e falando da comida.

Zorô, oi, zorô,
É camarão com bocado de quibombô.

O zorô para ser bom,
Deve de levar pimenta,
Quem temperou o zorô,
Foi uma baiana ciumenta.
Zorô, ai, zorô, etc…

Baiana não, o seu zorô
Tem pimenta malagueta,
Eu comi tanto zorô,
Depois vi as coisas pretas.


Hoje só se fala em carurú, outra comida de origem africana. Que fique, claro, não é zorô, mas um primo, já que é de quiabo, camarão e dendê. A grande diferença é a inserção do tempero e dos ingredientes portugueses.

ZORÔ coisa de um outro tempo. 
De um outro Rio de Janeiro!


quarta-feira, 16 de abril de 2014

Diz-me como sorris que te direi quem és

Há  45 anos atrás, Ibrahim Sued, em sua coluna carioca, noticiava
curiosa pesquisa de psicólogos alemãs, sobre o... RISO.

Ibrahim Sued nesse 2014 completaria 90 anos.

 

Em 16 de abril de 1969.

domingo, 13 de abril de 2014

“Azas! Para o novo campo de aviação do Aero Club do Brasil”

Em, 1934, , há 80 anos atrás, com a grafia da época, essa foi a chamada do jornal falando do decreto do presidente Vargas, que destinava recursos para as obras de construção do aeroporto nos “terrenos da baixada de Manguinhos”, terreno que hoje faz parte do Complexo da Maré, das manchetes cariocas nos últimos dias, ocupado pelas forças de segurança.



O Aeródromo de Manguinhos, que ali funcionou, oficialmente Aeroclube do Brasil, formou as primeiras gerações de pilotos do país. Criado em 1911, o aeroclube teve como primeiro presidente de honra e sócio-fundador o aviador Alberto Santos Dumont. Na década de 1960, o aeroclube se transferiu para o Aeroporto de Jacarepaguá, na Barra da Tijuca.

Em dezembro de 1959, nas proximidades do aeroporto, um avião da Vasp se chocou com um a aeronave de treinamento da FAB e deixou mais de 40 mortos. Os destroços dos aviões caíram sobre seis casas no bairro de Ramos, matando também moradores. A tragédia, a maior da aviação brasileira na época, criou dúvidas sobre os riscos do tráfego aéreo em Manguinhos interferir em vôos dos aeroportos do Galeão e Santos Dumont.
Assim, houve o fechamento do Aeroporto de Manguinhos no início dos anos 70 e seus hangares e torre de controle foram demolidos.

Em 1982, na área do antigo aeroporto, o governo federal construiu 1.500 casas para pessoas que moravam em palafitas da favela da Maré. O novo bairro, batizado de Vila do João — em homenagem ao então presidente da República, o general João Figueiredo (1979-1985) —, fica próximo à Ilha do Pinheiro, ligada ao continente através de aterros.

Mas como não basta só construir casa, sabe-se que é preciso dar-se estrutura, equipamentos sociais e culturais, a vila se transformou em  mais uma favela
Aeroclube. Avião decola no antigo Aeroporto de Manguinhos, próximo ao Instituto Oswaldo Cruz, ao lado da Avenida Brasil

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Uma história carioca...

A incrível história de como Sergio Bernardes virou amigo do ladrão
 

 

"O documentário sobre Sergio Bernardes que passa hoje no festival “É tudo verdade”, traz cena curiosa, conhecida na família do arquiteto como “a história do ladrão”.

 Foi assim: 

a mulher de Sergio acorda apavorada com um barulho no andar de baixo e pede que ele vá checar. Sergio se depara com um ladrão, e o que ele faz? Prepara um ovo frito para o bandido. “Mas você veio aqui para roubar, né?”, pergunta. Em seguida, coloca presentes numa sacola. O homem diz que não tem como levar tudo aquilo.

É aí que o arquiteto resolve dar uma carona ao ladrão. Papo vai, papo vem, pergunta por que ele rouba. “É que estou desempregado”.


 No dia seguinte, Sergio arruma um emprego de vigia numa loja de materiais de construção para o rapaz e acaba virando padrinho do filho dele.

 Fim."

(Fonte:  O GLOBO)

sábado, 5 de abril de 2014

Art-Palácio Copacabana


Um jornal de domingo,
de 7 de abril de 1974,
40 anos,
anunciava reapresentações na telona.



Hoje as reapresentações praticamente sumiram. Infelizmente. Resta-nos, a telinha caseira e os DVDs.

E também sumiram os cinemas que as passavam.

Cantando na Chuva, do anúncio acima, passava no CINEMA 2. Ótima sala, no Posto 6,  frequentado por cinéfilos e intelectuais -  na Rua Raul Pompéia esquina da Rua Júlio de Castilho,  nos mesmos moldes do seu irmão CINEMA 1, da Prado Júnior, hoje  Hortifruti -  e que hoje virou a boate gay, Le Boy . Uma pena.

Na mesma sessão de reapresentações do jornal, aparece também a reprise de O Vampiro de Dusseldorf - clássico alemão de 1931, no Art- Palácio Copacabana -  Avenida Nossa Senhora de Copacabana, 759 loja B, à direita do Metro Copacabana ( foto abaixo) -  e que hoje, depois da loja virar uma sapataria, hoje é uma filial da Renner, assim como o Metro, uma filial da C&A.












 





Saudades do Art-Palácio Copacabana
, saudades do Cinema 2!