quarta-feira, 13 de março de 2013

Papa no Rio de Janeiro

Em tempos de eleição papal, vale recordar a visita de João Paulo II,
 o primeiro papa a visitar a cidade do Rio de Janeiro,
e que por aqui esteve duas vezes: 1980 e 1997.

O papa também respirou ares cariocas em 1982,
quando por uma breve escala de seu voo
 rumo à Argentina, fez um rápido discurso.

Momento que se tornou célebre 

Na realidade essa frase estava em outdoor espalhado pela cidade,  em anúncio de oportunidade da  Bradesco Seguros, criação, à época, da agência Arplan, para a visita do papa em 1997.

João PauloII , o "papa peregrino", carismático e com facilidade para usar a mídia, cativou os brasileiros nas suas passagens por aqui.

Em 1980, uma música foi feita em sua homenagem: "A bênção, João de Deus", composta  por Péricles de Barros.

missa no Parque do Flamengo, dia  1° dejulho de 1980, levou uma multidão ao local, que tinha decorada, na ponta da língua, o hino ao papa.

 folheto de divulgação da missa,
que tinha a letra do hino ao papa no verso.


Para esta missa  , só das paróquias da Zona Norte saíram 225 voluntários, para zelar - no meio da multidão que cobriu o gramado em frente ao altar montado no Monumento dos Pracinhas - pelas árvores do esplêndido parque de Burle Marx. 

Algumas curiosidades marcantes se destacaram nos encontros com o papa, pela cidade:
  •  Os garis da Comlurb, ao recolherem toneladas de papel picado e copos descartáveis,do Aterro do Flamengo, tiveram uma surpresa: não encontraram uma lata de cerveja sequer, nem um arbusto depredado.
  • O completo silêncio, no Maracanã ocupado por 150.000 pessoas, ouvindo um sermão de 50 minutos ininterruptos. Algo jamais visto no estádio mais ruidoso do mundo.
  • Não houve registros de ocorrências na delegacia da Cidade de Deus - que normalmente contribuia, à época, para as estatísticas policiais com três homicídios por dia.

Toques místicos e de grande espiritualidades cercaram os ritos pela cidade.A missa campal de 1980 foi  "Um espetáculo de fé, mas um espetáculo" - que começou com um pôr-do-sol cheio de cores, foi ajudado por uma noite de lua e acabou com um show de fogos de artifício cercando o altar na baía de Guanabara.

Na saída do Maracanã, atirou-se diante do carro de João Paulo II o tenente Martinelli, coordenador da segurança no portão 13. Queria beijar a mão do Santo Padre e foi recompensado em seu arrojo: João Paulo II deu-lhe um terço. Durante a missa no Aterro, os soldados da Polícia do Exército acompanharam o "Pai-Nosso" e o cântico do Ofertório, partilharam a água dos cantis com a multidão, por cima de cercas, e saíram de forma para ver, dentro do Monumento dos Pracinhas, João Paulo II sendo vestido com os paramentos litúrgicos.

O papa apesar de percorrer muitas cidades brasileiras nessa ocasião, foi no Rio onde esteve mais próximo, fisicamente, das pessoas.


No Maracanã...o papamóvel, antes de parar diante do altar, deu uma volta e meia lentamente, pela geral do estádio. No Aterro, passeando devagar pela plataforma apenas ligeiramente superior ao mar de cabeças, para que todos pudessem enxergá-lo, e baixo o bastante para estar ao alcance de mães que lhe estendiam crianças e braços que se espichavam para tocá-lo, o papa levou o carioca a um surto desconhecido de delírio: 500.000 pessoas cantando o "Queremos Deus".  ( Revista VEJA)







Outro momento marcante foi quando o papa subiu o Morro do Vidigal.





Pelos alto-falantes instalados nas partes alta e baixa do Vidigal, a associação de moradores divulgava os “Dez mandamentos para ver o Papa”:

1 – Ajude seu irmão a ver o Papa. Não é só você que deseja vê-lo.
2 – Mantenha a calma. Para demonstrar devoção não é preciso exagerar.
3 – Colabore com a Comissão de Segurança. Siga as orientações.
4 – Não corra, não empurre,não se exalte.
5- Antes de você, pense nos velhos, nos inválidos, nas mulheres grávidas.
6 – Vá para a Niemeyer se a sua casa não estiver no caminho do Papa.
7 – Alimente-se, evite o que possa provocar sede, vá ao banheiro.
8 – Peça aos amigos, parentes e patrões que não moram na favela para não insistir em vir ao Vidigal ver o Papa.
9 – Compenetre-se de que o mundo está com os olhos voltados para nós.
10 – Faça com que o Papa se sinta em casa.
 

O papa João Paulo II surpreendeu a todos quando foi  visitar um barraco, o de Dona Elvira Almeida de Lima, na época mãe do presidente da associação de moradores, Armando de Almeida.

“O Papa num barraco, imagina! 
Quando ele entrou na casa da Dona Elvira ninguém acreditou. 
Mas ele provou que é uma pessoa simples. Até tomou café com ela. 
Foi inesquecível. A visita foi rápida, mas muito emocionante."
( estofador de móveis aposentado Luis Alberto Corrêa e Castro,
de 59 anos, 
e um dos moradores)

 O Papa teria dado benção e até entrado na cozinha. Emocionada, ela pensou em transformar seu barraco num museuzinho. Mas Dona Elvira morreu anos depois sem realizar o sonho. Hoje, seu barraco não existe mais.

Após sair do barraco de Dona Elvira, uma nova surpresa. João Paulo II tirou um anel que tinha no dedo e o entregou a um dirigente da Pastoral de Favelas, Padre Ítalo Coelho, dizendo: 

“Padre, venda este anel pelo melhor preço e distribua o dinheiro entre os favelados”.




Mas, ao contrário, a venda não foi feita e o destino do anel  ficou sendo discutido pelas autoridades, que decidiram que o anel seria exposto no Museu de Arte Sacra e uma réplica colocada na Igreja do Vidigal. A réplica foi roubada e nunca mais recuperada. Quando o Papa veio ao Rio em 97 ele deu uma nova réplica para o Vidigal. O anel agora fica guardado num cofre e só é exposto em ocasiões especiais.


Na visita de 1997 do  "João de Deus" ao Rio, mais momentos marcantes.

O papa mesmo mais idoso e mais combalido, continuou a nos encantar.

Um desses momentos foi  no estádio do Maracanã, no Encontro com as Famílias, quando após o lindo momento em que cantou  a bela "Ave Maria" , de Vicente Paiva e Jaime Redondo,  Fafá de Belém quebrou protocolos, e correu para abraçar o papa, e este se levantou.


 "Estava tomada de uma emoção imensa e caminhei até o Papa para abraçá-lo.
Ali fui todos os brasileiros"
(Fafá de Belém)







Outro, Roberto Carlos cantando para o papa, na Missa Campal, no Aterro do Flamengo 







Um grande papa que emocionou a cidade.

Beato João Paulo II,
rogai por nós!


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