segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Surfar já deu cadeia no Rio de Janeiro



Pioneiro: Rico de Souza 
ao lado de um carro antigo no Havaí, em 1989
(reprodução )

Parece mentira, mas surfar já foi motivo, sim, de cadeia no Rio. 

Lá no miolo dos anos 1970, pegar onda só era permitido nos cantos de praia (Arpoador, Posto 12 do Leblon etc.) e em horários determinados (antes das 8h e depois das 14h). A turma da parafina não concordava com a arbitrariedade e, num dia de ressaca assustadora no Arpex, Rico de Souza, então com 20 e poucos anos, rebelou-se contra a autoridade vigente e entrou na água. Não demorou até os policiais se juntarem na praia, esperando-o sair para levá-lo em cana. Mas o garoto partiu numa fuga fantástica, remando até o recém-inaugurado Hotel Sheraton. Ele e o lutador Relson Gracie. Os dois subiram o costão e entraram na casa do arquiteto Sérgio Bernardes, mas não teve jeito. Cerca de 15 policiais, de metralhadora e tudo, deram voz de prisão e escoltaram a dupla para uma cela no batalhão de Copacabana, onde eles mofaram por horas.

— Para a nova geração, é difícil acreditar, mas eu já fui preso por pegar onda. Este caso ilustra como o surfe era visto de forma negativa. E, ao mesmo tempo, mostra como as coisas mudaram desde então — conta Ricardo Fontes de Souza, hoje aos 60 anos, considerado o embaixador do surfe brasileiro.

O episódio será muito bem explorado no filme “Surfar é coisa de Rico”, que a produtora Sentimental Filmes está preparando e que conta a história do surfe a partir da vida do garoto que fez contato com o mar pegando jacaré no Posto 5 de Copacabana e, mais tarde, tornou-se um herói do surfe nacional.

 Mostra o Arpoador dos anos 60, a Ipanema na época do píer e as primeiras viagens do atleta nascido no Leblon,  a evolução das pranchas, a importância do Rico na formação do surfe profissional, o contexto da época em que ele cresceu, com a ditadura militar e a ebulição cultural dos anos 70. 

O carioca Rico de Souza foi várias vezes campeão brasileiro, abriu fábrica de pranchas, fundou a primeira escolinha de surfe do país e conquistou respeito no Havaí, onde a presença dos melhores do mundo não deixa qualquer um se destacar.

Fontes: Divulgação/ OGlobo online

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