segunda-feira, 12 de julho de 2010

Passarada carioca

Com 511 espécies, o Rio é um dos lugares mais privilegiados do Brasil para observar aves, algumas delas muito raras.


O Rio de Janeiro é possivelmente a cidade do mundo com o maior número de espécies de aves. São 511. Número nada desprezível se levarmos em conta toda a quantidade de gente, poluição e asfalto - fatores pouco condizentes com biodiversidade. Garças na Lagoa, gaivotas e fragatas nas praias e bem-te-vis por todo lado já se incorporaram à paisagem. Mas saíras-sete-cores - para muitos o mais belo pássaro do Brasil -, tucanos e sabiás também vivem por aqui.

O segredo de tamanha diversidade é a combinação de habitats variados: florestas, restingas, praias, montanhas, ilhas, manguezais e até mesmo áreas urbanas. Pois, das 511 espécies, 40 são consideradas urbanas. O que vale dizer que podem ser encontradas em ruas e praças mais movimentadas. Na verdade, destacam os especialistas e apaixonados por aves em geral, observar essa passarada é um grande programa na cidade.

Algumas espécies, como os maçaricos, são migratórias, moradoras temporárias. Outras, como fregatas e biguás, buscam refúgios nas ilhas. No Jardim Botânico, há tucanos e sabiás-laranjeira. Saíras são um presente para os que passeiam pelas florestas da Tijuca e do maciço da Pedra Branca.



Especialistas destacam que o estado do Rio como um todo é privilegiado. Apesar do pequeno tamanho, o estado tem 730 das mais de 1.825 espécies registradas no Brasil (número da última atualização, de agosto de 2009) pelo Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos. O país é o segundo em avifauna, atrás apenas da Colômbia.

Certas aves fizeram daqui sua única casa. E, por isso, a questão da preservação é crítica. A destruição de habitats e a caça predatória são um desafio à sobrevivência de muitas espécies. O estado do Rio concentra o maior número de espécies ameaçadas do continente sul-americano: 82. Em floresta urbana, pássaros multicoloridos
São muitos os lugares na cidade para observar - ou ouvir - aves em grande quantidade. Mas, com suas matas e montanhas, a Floresta da Tijuca é a favorita dos pesquisadores e observadores de aves em geral.
O município do Rio de Janeiro é privilegiado por ter um parque nacional, o da Floresta da Tijuca, no coração da cidade . Muitas aves que vivem na floresta fazem incursões no Jardim Botânico, podendo esticar o passeio até a Lagoa Rodrigo de Freitas. Todos esses ambientes se compõem.
Além desses lugares, dois refúgios: o Parque do Cantagalo (relativamente pouco frequentado, apesar da bela vista da Lagoa) e o Forte do Leme, onde os visitantes podem explorar uma pequena floresta à beira-mar.
Cada local tem seus macetes para a observação. Em áreas abertas, como a Lagoa, o ideal é caminhar pela orla e ficar atento: por lá aparecem biguás, frangos d'água, garças (várias espécies, inclusive a maior de todas, a moura), martins-pescadores, gaviões, corujas, lavadeiras-mascaradas, fregatas (ou tesourões) entre outros.

Já nas florestas, mesmo as do Jardim Botânico, é preciso ter paciência. Sentar e esperar. Aves de ambientes florestais são naturalmente mais arredias e difíceis de se observar do que as que vivem em áreas abertas. Mesmo assim podem ser avistados tucano-de-bico-preto, beija-flor-de-fronte-violeta, saracura, sabiás e sanhaçus.
Em florestas mais fechadas, como as da Tijuca e da Pedra Branca, vivem os belíssimos saí-azul (de tons exuberantes), gaturamo-verdadeiro - é amarelo e azul, um escândalo - e a saíra-sete-cores (um pássaro da cor do arco-íris). Mas, com sorte, até no Jardim Botânico é possível se deparar com elas.

Mesmo em plena cidade é possível observar aves de rapina como gaviões de mais de uma espécie e coruja-da-igreja. Esses caçadores ficam à espreita de outras aves e roedores nos telhados de prédios e galhos mais altos de árvores.
Essencialmente urbanos são o bem-te-vi, o pardal, o joão-de-barro e o casaca-de-couro-da-lama - este último um oportunista que se aproveita dos tradicionais ninhos do primeiro. Há dois corriqueiros rolinhas e urubus. O pombo comum é considerado uma verdadeira praga, um invasor oportunista, que transmite doenças e infesta cidades de todo o mundo.
Sobrevoando as praias se veem atobás, gaivotas, maçaricos (dependendo da época do ano, pois são migratórios) e tesourões. Não é raro que corujinhas-buraqueiras aparesçam nas praias, muitas vezes empoleiradas até em traves das redes de vôlei e futebol.
Os melhores momentos para observar aves são sempre o amanhecer e o anoitecer. As aves se alimentam no início da manhã (por volta das 6h) e no fim da tarde (entre 16h e 18h). São esses os horários em que estão mais ativas.


Fonte: O Globo Online/ Fotos :Custódio Coimbra

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