quarta-feira, 27 de maio de 2009

Isadora Duncan no Rio

Nesse 27 de maio, Isadora Duncan faria aniversário. 



A californiana de 1877, responsável pela introdução do balé moderno , mostrou sua arte e talento aqui por terras cariocas. Além de dançar no Theatro Muncipal do Rio de Janeiro, em 1916, a história registra um suposto flerte de Isadora Duncan e João do Rio. 

Solteiro, sem namorada ou amante conhecidas faziam de João do Rio, motivo de suspeita - e, posteriormente, de troça - entre seus contemporâneos. Seu modo de vestir e comportamento, como um "dândi de salão", e sua figura "volumosa, beiçuda, muito moreno, lisa de pêlo" - como registrou Gilberto Amado - despertaram o espanto da estreita relação dele com Isadora. 

Duncan e João do Rio já haviam se conhecido anteriormente, em Portugal, mas foi somente durante a temporada no Rio que se tornaram íntimos. O grau dessa intimidade é um mistério. Especula-se de tudo entre os dois. Fontes até falam em um diálogo em que a bailarina o teria questionado sobre sua homossexualidade, ao que ele teria respondido: 

Je suis trés corrompu ("Sou completamente corrupto")



Com Isadora Duncan, João do Rio foi aos alegres e famosos salões de Laurinda Santos Lobo, em Santa Tereza, também até Cascatinha, na Floresta da Tijuca. A dançarina, que sentia muito calor, tirou a roupa e banhou-se nua, num tempo em que essa atitude era muito rara, deixando embasbacados aqueles que passavam por ali. Em Minha Vida, a autobiografia de Isadora Duncan, é possível resgatar as impressões de sua passagem pelo Rio:
 
"A esta cidade chegamos sem dinheiro e sem bagagem, mas no diretor do Teatro Municipal encontramos um homem assaz gentil, que tudo nos facilitou. Aí também defrontei um daqueles públicos inteligentes, vivos e vibrantes, que permitem aos artistas oferecer-lhes tudo que de melhor trazem em si. Aí conheci também o poeta João do Rio, muito querido da mocidade do Rio, onde, aliás, todos parecem ser poetas. Quando passeávamos juntos, éramos seguidos pela rapaziada, que gritava: “Viva Isadora! Viva João do Rio!”.


Em seu livro "Pequenas Histórias Verdadeiras do Rio Antigo" (Edições de Ouro, 1965), Carlos Maul ratifica o romance e escreve: 

"João do Rio mereceu as simpatias afetivas de Isadora. 
Num hotel da Rua D. Luísa — hoje Cândido Mendes —, perto da estação dos bondes de Santa Teresa no Curvelo, estava ela hospedada, e ali se encontravam os dois. 
Não faziam segredo de seus colóquios, e às vezes visitavam os sítios pitorescos da metrópole. Corria a versão de que Isadora dançara, quase nua, próximo das furnas da Tijuca, para encanto do escritor que traduzira a «Salomé», de Oscar Wilde. 
Não con firmo nem nego a versão. Admito-a possível. Tanto um como outra seriam capazes de promover um quadro desse gênero dentro da natureza. Aliás, a própria Isadora deixa entrever nas suas «Memórias» que João do Rio foi para ela algo mais do que um admirador entusiasta de sua arte..."

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